3/10/2005

Ventos de Macondo

"Muitos anos mais tarde, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendia haveria de se lembrar daquela tarde remota em que seu pai o levára para conhecer o gelo..."
Estes são ventos de Macondo, vindos de dentro, sempre soprando em minha nuca me causando arrepios...
Como aquela solidão que bate quando estamos imóveis com sonhos insones se desenrrolando em nossas mentes.
Sonhos que dispensam o cansaço e nos embalam enquanto nos sentamos sozinhos em silencio, em uma escada qualquer observando a vida passar, as pessoas se encontrarem e desencontrarem se desejarem e se afastarem.
Uma brisa que vem do coração, escapando por suas rachaduras, brotando de gretas tão profundas e doloridas que duvidamos que alguem possa saber que existem...
Então vem o arrepio, que enregela os ossos no verão, a certeza da solidão, do desatino, de que bocas macias apenas acolchoam ossos frios; de fugacidade, de breviedade.
Na esperança de que nossos entes morram para que possamos chama-los de queridos e imaginar o que poderia ter sido, sem lhes dar oportunidade para nos mostrar como são, nos obrigando a aceita-los.
Esses são ventos de Macondo, que nos prometem cem anos de solidão.

5 Comments:

Blogger Mac said...

Bom...muito bom. Aumentei minha lista de favoritos.

12:02 AM  
Blogger Fernanda Ribeiro said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

10:25 AM  
Blogger Fernanda Ribeiro said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

10:25 AM  
Blogger Fernanda Ribeiro said...

ah, estes ventos... sempre soprando nas mesas dos bares e secando a nossa cerveja... ascendendo um cigarro atrás do outro, na troca de sorrisos de cumplicidade, compartilhando de frustrações tão iguais e tão diferentes!

To virando uma bêbada por tua culpa!!!

Muito bom o texto, nem pense em parar de escrever.

10:27 AM  
Blogger Fernanda Ribeiro said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

10:27 AM  

Postar um comentário

<< Home